7 de setembro de 2012

O Cacaulista - Inglês de Sousa

O CacaulistaEdição: 2
Editora: Editora Universitária UFPA
ISBN: 8524702478
Ano: 2004
Páginas: 190
O Cacaulista, primeiro romance de uma série pensada por Inglês de Sousa, Cenas da Vida do Amazonas, desenvolve seu cenário na floresta amazônica. O autor teve que enfrentar dificuldades de transposição do eixo narrativo para as regiões do interior, destacando o rio-mar (Amazonas). Nas linhas iniciais, lemos: "algumas milhas acima da cidade de Óbidos, à margem do Paranamiri". Regionalista, a narrativa gira em torno da rivalidade entre o jovem Miguel e o Tenente Ribeiro por questões de terra. Complica-se a situação quando Miguel se apaixona pela filha do Tenente Ribeiro, Rita. Porém, Rita pressionada pelo pai, acaba se casando com Moreira, moço da cidade. Miguel, contrapondo-se como personagem ao princípio romântico da solução emocional ou violenta (vingança, suicídio, etc...), opta por embarcar, deixando sua localidade.




Muitos podem até pensar que é uma prepotência da minha parte, mas ao mesmo tempo em que me sinto orgulhoso de ser o primeiro a fazer uma resenha deste livro no skoob, sei a responsabilidade que tenho nas minhas costas.
Alguns amigos sabem que eu não nasci em Belém, sou de Óbidos, uma cidade no oeste do Pará e tenho muito orgulho deste homem que é um verdadeiro exemplo para mim que é Herculano Marcos Inglês de Sousa, que é um dos maiores representantes do naturalismo brasileiro.
Isso já são motivos suficientes para que eu tenha muito cuidado nas palavras que usarei para falar sobre este livro que é uma de suas melhores produções literária e acima de tudo é um livro que não é mais comercializado, depois de muitas pesquisas cansativas pela internet descobri que eu tenho uma relíquia e que tenho que cuidar muito, mas muito bem desse livro, coisa que considero um absurdo, pois essa linda produção literária deveria ser um leitura obrigatória nos vestibulares paraenses ou até mesmo na Amazônia.
Deixando de tanto lenga lenga, vamos ao que importa.
O Cacaulista se passa na fazenda de São Miguel, uma das fazendas que se encontro em um braço do amazonas, assim que o autor coloca o que hoje chamamos na geografia de afluente do amazonas.
“Algumas milhas acima da cidade de Óbidos, á margem do Paraná-miri, existia ainda em 1866 a fazenda de S. Miguel, bonito sitio em que se plantava cacau (...)”
O livro inicia com relatos sobre os moradores da fazenda que é João Faria que vem a falecer, ele era um português rude e ignorantes que veio junto com os “irmão de Portugal” para habitar a província de Óbidos, ele se sua mulher D. Ana viviam em São Miguel, e seu filho Miguel, que antes da morte do pai nunca tinha viajado para fora da fazenda que se plantava cacau. D. Ana tinha um irmão que é vigário de Óbidos que depois da morte de João Faria, leva Miguel para ser educado na cidade.
Eu como um filho de Óbidos li este livro com uma ótica totalmente diferente de muita gente, pois eu me imaginava nos ambientes, que algumas vezes ficava vago nas descrições para algumas pessoas, mas a mim fazia todo um sentido, pois é um recorte dos hábitos de uma sociedade do final do século XIX, no tempo que na frente da igreja matriz existia um cemitério.
Muitas histórias que ouvi quando criança é vivida no livro e isso ficou forte e muita marcado em mim quando vi esses recortes.
Para quem já leu alguma coisa do autor, sabe que ele preza em deixar a linguagem simples em suas narrativas, mas ao mesmo tempo tenta detalhar ao Maximo as formas das coisas, e algumas vezes ele coloca palavras e termos que só quem tem conhecimento do vocabulário da região ou/e que viveu nesse meio ira entender, mas nada que o Google não resolva, alguns exemplos:
Eanecuema (bom dia)
Curumu-curi
Capucho
Embau’ba
Unicorne
Em fim deu de entender alguma coisa, não se preocupe basta clicar na palavra que vai aparecer seu significado desculpa não achei de outras ... Mas deu de ter uma ideia dessa característica típica nos livros do Inglês de Sousa.
Neste livro esta presente também algumas característica da sociedade ribeirinha daquele período, o poder que tem os ditos coronéis, que eram apenas grandes fazendeiros, porém sem nem uma patente nas forças armadas, o autor consegue mostra o quão patriarcal era essa sociedade e como a mulher era realmente passiva a todos os desejos de seus marido, irmão ou filho, que é muito bem mostrado no personagem de D. Ana, que mostra qual é a serventia na mulher na sociedade:
“o papel da mulher neste mundo é rezar e fazer meias”
Porém mesmo com essa visão machista, mais a frente ele vai nos mostrar que mesmo com forças físicas eu nunca fora criada para trabalhar nos negócios:
“Jamais uma mulher (...) levou vida mais despida de fadiga do que a respeitável viúva de João Faria”.
Neste fragmento podemos ver outra coisa, que ela não tem individualidade sempre sem camuflando pela figura do marido, “viúva de João Faria”, ela não conhecida como D. Ana, essa total passividade da mulher e o menino novo fez com que os negócios de cacaus entre em menor movimento e vai ser cuidado por seu irmão padre José, mas quando Miguel chega aos 17 anos começa a assumir os negócios e um fazendeiro vizinho, tenente Ribeiro, que tomar posse dos cacaus da família de João Faria.
Uma coisa bastante interessante é o momento que se a aproximam as festividades de Sant’ana, padroeira de Óbidos até hoje, e como todos se mobilizam para a viajem da Fazenda até a cidade.
Então já deu de entender que é um livro que todos tem que ler, penas que não sei como, acredito que tenha na biblioteca da UFPA, ou no CENTUR, então quem tiver oportunidade leia como se não houvesse amanha, pois esse livro é pequeno da de ler em um dia, então procurem leiam é incrível esse livro.  


Nota: 5 Rosas

Um comentário:

  1. Ah, que joia. Adoro escritores naturalistas, comecei com Aluísio Azevedo e me apaixonei pelo estilo, fiquei curioso pra ler, uma pena que não seja mais vendido, enfim, cuide bem dessa relíquia.

    Abraço.
    O Epitáfio tá com resenha nova, aparece por lá depois.

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