25 de setembro de 2012

A Legião Estrangeira - Clarice Lispector

A Legião EstrangeiraEdição: 1
Editora: Roco
ISBN: 8532509452
Ano: 1999
Páginas: 104

A Legião Estrangeira - Clarice Lispector

Os treze contos reunidos neste livro abordam o cotidiano familiar, a perversidade infantil e a solidão. As histórias colocam os leitores diante de situações cujo maior encanto é o de flagrar a intimidade dos personagens no momento em que eles descobrem o quanto há de extraordinário no dia-a-dia. É o que se pode observar, por exemplo, no encontro da menina e do cachorro em "Tentação"; ou no diálogo entre um casal de jovens em busca de si mesmos em "A mensagem”. Outras histórias mostram como o próprio conto é construído, uma das obsessões da literatura clariceana.

 



A UEPA (Universidade Estadual do Pará) pede para que os seus candidatos leiam um conto, e eu leio o livro todo, não é segredo para ninguém que eu sou fã de carteirinha de Clarice, e este ano está entre as leituras obrigatórias do processo seletivo da universidade estadual do Pará, confesso que não sei se esta em outras universidades, mas enfim era apenas para ler o conto “A Legião Estrangeira” conto que é encontrado em um livro com o mesmo nome, contendo: Os desastres de Sofia, A repartição dos pães, A mensagem, Macacos, O ovo e a galinha, Tentação, Viagem a Petrópolis, A solução, Evolução de uma miopia, A quinta história, Uma amizade sincera, Os obedientes, A Legião Estrangeira, contos que na grande maioria já conhecia, seja por que li em blogs e/ou estudados na sala de aula no ensino médio. Então como um livro de contos vou falar sobre os dois que eu mais gostei, mas vale lembrar que são todos ótimos, mas fico com “A Legião Estrangeira” e “Os desastres de Sofia” – que agora que eu notei é o primeiro e ultimo conto.

Legião Estrangeira


Esse conto já começa com uma característica marcante nas obras de Clarice, o fluxo de pensamento:

 (...) teria respondido com o decoro da honestidade: mal os conheci. Diante do mesmo júri ao qual responderia: mal me conheço — e para cada cara de jurado diria com o mesmo límpido olhar de quem se hipnotizou para a obediência: mal vos conheço. 

Acho incrível a forma que pequenos detalhes do cotidiano se transformam em algo explosivo nas habilidosas mãos de Clarice, em Legião Estrangeira, esse conto é meio que sugador, o mesmo efeito que senti quando li pela primeira vez felicidade clandestina é embriagante a forma como ela descreve a miséria do eu, e que mesmo assim é desejado por aqueles que têm de tudo material, mas carece da liberdade, vejo que esse tema é muito frequente em contos/novelas/romances de Clarice a busca pela simplicidade onde o ser é realmente mais feliz, essa busca de felicidade constante: 
Devagar fui me reclinando no espaldar da cadeira, sua inveja que desnudava minha pobreza, e deixava minha pobreza pensativa; não estivesse eu ali, e ela roubava minha pobreza também; ela queria tudo. 

O inicio do conto ate parece um julgamento, e no decorrer do conto vamos entender uma historia que se passa entre um pinto, uma visinha, e a batedora de bolos. 

Oh, não se assuste muito! às vezes a gente mata por amor 

Gosto da forma seca como as coisa são colocadas, mas ao mesmo tempo tentando justificar isso é bem típico da Clarice, então esse conto não é de muito surpresa para quem já ler Clarice, mas é um ótimo conto para percebemos o fluxo de pensamento.

Os desastres de Sofia

Nunca fui um aluno exemplar, mas também não era medíocre na turma, então confesso que me identifico nesse conto de Clarice que Sofia é uma verdadeira peste na vida do professo, o qual ela tanto amava, mas não era um amor de mulher, era um amor diferente, ela precisava velo no Maximo de sua cólera, onde ela seria o centro das atenções uma aluna que quer o “Maximo” de seu professor:

Mas eu o exasperava tanto que se tornara doloroso para mim ser o objeto do ódio daquele homem que de certo modo eu amava.

Quem nunca tirou um professor do serio apenas com a satisfação de atenção, quem nunca fez isso aposto que já tiveram vontade, neste conto nos satisfazemos no papel de Sofia que mostra muito bem o amor pelo professor, não querendo ser repetitivo, mas já sendo, o fluxo de pensamento nesse conto e muito presente justamente para justificar esse amor, que não é mutuo, de Sofia para com o professor. Não querendo me estender nessa resenha ambos os contos são narrados em primeira pessoa, o primeiro é narrado pela “vinha sem nome” e o segundo é narrado por Sofia. A leitura dos dois textos é leve e tranquila, mas se você não gosta da forma que Clarice escreve fica muito complicado levar essa leitura, para quem vai fazer uepa tente notar quais são as características com a escola literária que Clarice se enquadra, mas como as provas da uepa são bastante de buscar detalhes só para ver quem realmente leu seria uma boa atentar para alguns aspectos didáticos. Não preciso nem dizer que recomendo esse e todos os livros de Clarice, que é para mim uma grande inspiração... 

Nota: 5 Rosas

Um comentário:

  1. Nunca li um livro da clássica Lispector...
    Adorei a resenha, e ainda mais com as 5 rosas, acredito que deve ser realmente bom!
    Fiquei com vontade de lê-lo!

    Beijos!
    http://rollerbladesblog.blogspot.com.br/

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